A nova proposta do INCT-ECCE, "Ciências comportamentais aplicadas à função simbólica - implicações para a equidade e inclusão social", foi uma das 143 aprovadas (Chamada 46/2024). Esta é a terceira chamada de INCTs pela qual o INCT-ECCE recebe reconhecimento e é contemplado com recursos. Com a aprovação da nova proposta, a equipe será ampliada, com a adesão de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e de universidades dos Estados Unidos, do Canadá, de Portugal e da Noruega.
Pesquisas no INCT-ECCE têm se apoiado na visão da moderna ciência comportamental que trata comportamento simbólico com base na equivalência entre estímulos (equivalência definida, como na matemática, pelas propriedades de simetria, transitividade e reflexividade). Evidências robustas têm demonstrado que relações de equivalência podem ser ensinadas, transformadas, revertidas, e que geram novas relações não diretamente ensinadas, além de alterar as funções comportamentais de estímulos com base nas funções de estímulos a eles relacionados. Estímulos também são relacionados não apenas por equivalência, mas por outros tipos de relações, como oposição, causalidade, comparação etc.
Relações simbólicas são a base da linguagem e cognição, intrinsecamente relacionadas à socialização e ao comportamento social. Essa abordagem do comportamento simbólico trouxe implicações importantes para a presente proposta. A primeira é o desafio de conceber a origem do comportamento simbólico sem as tradicionais divisões entre aprendizagem, natureza (fisiologia, evolução) e cultura, integrando a investigação comportamental a esses diferentes níveis de análise. A segunda é a perspectiva de compreender, com base na ciência do comportamento simbólico, as profundas implicações da linguagem no controle do comportamento humano, incluindo efeitos sobre preferência por narrativas e a força de crenças. A terceira é prática: construir tecnologias sustentáveis e socialmente comprometidas para ensino do comportamento simbólico, em especial, para populações desafiadoras, para as quais o ensino também representa um avanço no campo da inclusão. A nova proposta avança o programa científico já estabelecido, combinando pesquisa básica e aplicada dirigidas a três temas gerais: desenvolvimento humano, especialmente da linguagem e da cognição (implicando desafios para a educação regular e especial); a construção de ambientes sustentáveis; o papel de crenças, vieses e narrativas sobre fatos sociais.